Natal Luz de Gramado e o passaporte de vacina.

21 de outubro de 2021- Natal Luz de Gramado exigirá comprovante de vacinação.

https://bit.ly/30LamNk

“Com a exigência determinada pelo Estado do Rio Grande do Sul, a partir desta segunda-feira (18), está sendo necessário exigir o passaporte de vacinação para o acesso aos espetáculos e atrações do 36º Natal Luz de Gramado.”

01 de novembro de 2021 – Mais de 5,2 mil ingressos para o Natal Luz de Gramado foram cancelados e desistência é atribuída ao passaporte vacinal.

https://bit.ly/30QYCbX

“A venda de ingressos para os espetáculos do Natal Luz, em Gramado, tem registrado um movimento atípico: em duas semanas, a empresa que gerencia a comercialização dos bilhetes contabilizou 5.257 desistências de bilhetes vendidos de forma antecipada no site oficial do evento. O declínio coincide com a vigência do decreto estadual que prevê, desde o último dia 18, a exigência de apresentação de comprovante de vacinação contra a covid-19, o chamado passaporte vacinal. De acordo com a presidente da Gramadotur, autarquia responsável pelo Natal Luz, e também secretária municipal de Turismo de Gramado, Rosa Helena Volk, o sistema de vendas registrou que a maioria das desistências foram realizadas a partir de 18 de outubro. Outro comportamento observado pelos organizadores do evento é que as reclamações nos canais de atendimento do Natal Luz cresceram nos últimos 15 dias e incluem manifestações de pessoas contrárias à exigência de comprovar a imunização contra o coronavírus conforme a faixa etária. — Antes do dia 18, não registrávamos essa situação (cancelamentos de ingressos) e passamos a perceber isso de forma mais intensa após anunciarmos a condição da vacinação, que foi feita em respeito ao decreto do governo.”

19 de novembro de 2021 – Exigência do passaporte vacinal não será mais obrigatória no Natal Luz.

https://bit.ly/32kh65v

“A flexibilização dos protocolos sanitários por parte do Governo do Estado, está permitindo que os espetáculos do 36° Natal Luz tenham ampliada a sua capacidade máxima de público para 70% a partir da 0h deste sábado. Outra medida é a não obrigatoriedade da exigência do comprovante de vacinação para ingresso nos espetáculos.”” A medida já começa valer para os espetáculos deste final de semana.”

ATIVANDO A MEMÓRIA

Mandetta pedindo ajuda para bandidos com isolamento.

Descumprimento de quarentena poderá levar a prisão, decidem Moro e Mandetta.

Moro e o plano para usar a CPMI das fakenews.

Narcotráfico – Foro de São Paulo – Financiamento

A Justiça espanhola determinou a extradição aos Estados Unidos do general venezuelano chavista Hugo Armando Carvajal, detido em Madri e considerado o fugitivo mais procurado por tráfico de drogas pelos americanos, após negar a sua solicitação de asilo na Espanha. A Audiência Nacional decidiu nesta quarta-feira (20) que Carvajal ficará à disposição da Unidade de Cooperação Policial Internacional, que deverá concretizar a entrega aos EUA.

A determinação da corte espanhola vem na mesma semana em que o site Ok Diario revelou que o ex-chefe da inteligência militar venezuelana informou à Justiça da Espanha que os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram pagamentos ilegais a partidos e políticos de esquerda no país europeu e na América Latina, entre eles os ex-presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Néstor Kirchner, e da Bolívia, Evo Morales.

Em uma carta enviada ao juiz espanhol Manuel García-Castellón, à qual o Ok Diario teve acesso, Carvajal informou que o governo da Venezuela financiou o partido de esquerda Podemos, da Espanha, desde sua criação, em 2014, até pelo menos julho de 2017. A legenda espanhola também teria recebido pagamentos de Cuba.

Na carta, Carvajal apontou: “Enquanto era diretor da inteligência militar e contra-espionagem na Venezuela, recebi um grande número de relatórios indicando que esse financiamento internacional estava ocorrendo. Exemplos específicos são: Néstor Kirchner, na Argentina; Evo Morales, na Bolívia; Lula da Silva, no Brasil; Fernando Lugo, no Paraguai; Ollanta Humala, no Peru; (Manuel) Zelaya, em Honduras; Gustavo Petro, na Colômbia; o Movimento Cinco Estrelas, na Itália; e o Podemos, na Espanha. Todos eles foram relatados como destinatários de dinheiro enviado pelo governo venezuelano”.

O general, que rompeu com Maduro em 2019, informou ao juiz que esse esquema de financiamento ilegal a movimentos políticos de esquerda teria funcionado durante “pelo menos 15 anos”.

Carvajal forneceu documentos ao tribunal espanhol com os quais pretende provar que o Podemos recebeu os pagamentos do governo venezuelano. A denúncia do general chavista fez García-Castellón reabrir este mês um processo sobre o suposto financiamento ilegal do partido de esquerda, que estava arquivado há cinco anos.

Depois de entregar a documentação, Carvajal foi convocado para comparecer à Audiência Nacional em 27 de outubro para dar mais informações sobre o assunto. Com a determinação de sua extradição aos Estados Unidos, agora não se sabe o general chavista vai prestar esse depoimento: o jornal El Correo publicou nesta quarta-feira que recursos contra a extradição permitiriam que Carvajal falasse na próxima semana, porém, fontes jurídicas consultadas pelo Diario de Ávila destacaram que, mesmo com a possibilidade dele recorrer, o processo de extradição segue seu curso.

Processo nos Estados Unidos

Carvajal é procurado pelos EUA para ser julgado por crimes que na Espanha equivalem a pertencimento a uma organização criminosa ou colaboração com organização terrorista e tráfico de drogas de forma agravada.

Em 14 de setembro, o tribunal espanhol suspendeu a extradição de Carvajal, considerado o fugitivo mais procurado pelos Estados Unidos por tráfico de drogas, até que o Ministério do Interior espanhol resolvesse o seu pedido de asilo.

Pouco depois, a pasta informou que tinha recusado o pedido e Carvajal recorreu imediatamente contra a recusa. No entanto, na terça-feira (19), foi ratificado que o asilo não seria concedido, motivo pelo qual a extradição foi confirmada.

A Audiência Nacional aprovou a extradição do ex-chefe dos serviços secretos venezuelanos em novembro de 2019, meses depois de ter sido preso na Espanha com documentação falsa. Entretanto, a extradição não se concretizou, uma vez que o acusado não apareceu, pois estava em liberdade e depois em paradeiro desconhecido.

Quase dois anos após a fuga, Carvajal foi preso em setembro, em um apartamento em Madri que a polícia espanhola localizou com a ajuda da agência antidrogas americana.

Após a detenção, Carvajal foi colocado em uma prisão de Madri, aguardando a extradição, e depois pediu para ser autorizado a depor perante o tribunal espanhol onde a sua extradição estava sendo processada, o que foi aceito pelo juiz encarregado do caso.

Inicialmente, Carvajal disse que falaria sobre questões de terrorismo internacional relacionadas ao ETA (grupo que reivindicava a separação do País Basco) e às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mas depois apontou para supostos pagamentos a ex-líderes do partido espanhol Podemos, aliado do Partido Socialista no governo espanhol, através da petroleira estatal venezuelana PDVSA.

Histórico de repasses

Antes mesmo das revelações de Carvajal serem divulgadas pelo Ok Diario, várias notícias sobre repasses de dinheiro feitos pela ditadura venezuelana haviam sido publicadas pela imprensa internacional.

Em 2007, a alfândega argentina encontrou cerca de US$ 800 mil dentro de uma mala em posse de um empresário venezuelano que havia chegado a Buenos Aires em um jato alugado que havia saído de Caracas.

Na aeronave, estavam também o presidente do Órgão de Controle de Concessões de Estradas da Argentina (Occovi, na sigla em espanhol), Cláudio Uberti, que deixou o cargo devido ao escândalo, o presidente da estatal petrolífera argentina Enarsa e quatro funcionários da venezuelana PDVSA. Depois, o empresário venezuelano afirmou em uma entrevista que o dinheiro era para a campanha para presidente de Cristina Kirchner, esposa do então presidente Néstor Kirchner.

Em seu livro “Hugo Chávez, o espectro: como o presidente venezuelano alimentou o narcotráfico, financiou o terrorismo e promoveu a desordem global” (Vestígio Editora, 2018), o colunista Leonardo Coutinho, da Gazeta do Povo, descreveu o envio de malas de dinheiro entre o Irã e a Venezuela depois que o então presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad incumbiu Hugo Chávez, em 2007, de intermediar a compra de segredos nucleares argentinos.

Em 2020, o jornal espanhol ABC reportou que Maduro autorizou o envio em 2010 de uma mala contendo 3,5 milhões de euros em dinheiro para um dos fundadores do Movimento Cinco Estrelas. À época, Maduro era ministro das Relações Exteriores no governo de Chávez. O partido italiano negou as alegações.

Na terça-feira, o senador colombiano Gustavo Petro informou que processará Carvajal em tribunais internacionais pela declaração de que ele teria recebido dinheiro enviado pela Venezuela. “Estou preparando uma intervenção jurídica para enfrentar o general e suposto narcotraficante Hugo Carvajal, seja na Espanha ou nos Estados Unidos”, escreveu Petro no Twitter.

Também na terça-feira, a assessoria de Lula negou que ele tenha recebido dinheiro da Venezuela. “O ex-presidente Lula teve todos os seus sigilos quebrados e analisados ao longo de anos e nenhuma irregularidade ou valor ilegal foi encontrado em suas contas”, apontou, em nota enviada à Gazeta do Povo.

Nesta quarta, deputados de oposição ao presidente argentino Alberto Fernández, de quem Cristina Kirchner é vice, informaram ao Clarín que vão solicitar à Justiça Federal do país para que peça cópia do depoimento de Carvajal na Espanha.

Ocultação de informações – Narcotráfico e política – Violência e insegurança

A dedicação dos grandes do jornalismo atual à ocultação de notícias politicamente indesejáveis não é um capricho de momento, uma frescura, uma leviandade: é um compromisso sério, profundo, inflexível. É uma missão de vida. ( 1 )

A qualidade de um debate depende, no mínimo, de que os participantes tenham a posse em comum do rol de conhecimentos requeridos para a compreensão do assunto e um senso equivalente da força probante dos argumentos de parte a parte. Hoje, no Brasil, essa condição quase nunca se cumpre. ( 2 )

Pois bem, há 12 anos há provas cabais de que Lula e seu partido têm um acordo exatamente nesses termos com a maior organização terrorista e narcotraficante da América Latina. Há 12 anos o Foro de São Paulo publica atas em que o PT e as Farc se articulam com outras organizações legais e ilegais numa “unidade de ação” continental entre a política e o crime, com vantagens mútuas nos dois campos. ( 3 )

As Farc são, ao mesmo tempo e inseparavelmente, uma organização política, militar e criminosa: partido, exército e máfia. Dedicam-se com o mesmo empenho à difusão do comunismo, à guerrilha (com seu imprescindível complemento terrorista) e ao narcotráfico. Essas três divisões funcionam de modo articulado e convergente para a mesma finalidade: a extensão do processo revolucionário colombiano a todo o continente. ( 4 )

O Brasil é o maior mercado latino-americano para as drogas da Colômbia, obtidas em troca de armas. Através de seus agentes locais as Farc têm conseguido exercer um domínio inconteste não somente sobre esse mercado como também sobre amplos setores da polícia e da administração pública. Associadas à principal quadrilha de traficantes locais, elas são a fonte essencial das drogas consumidas no Brasil e a origem da maior ameaça organizada que hoje pesa sobre a segurança nacional. ( 4 )

O Foro é a coordenação do movimento comunista no continente. Os recursos com que conta para a implementação de suas decisões são praticamente ilimitados e provêm substancialmente do narcotráfico e dos sequestros. ( 5 )

O guerrilheiro Tomás Medina Caracas, conhecido como “Negro Acacio”, responsável pelo negócio das drogas dentro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), foi morto a tiros pelo Exército colombiano em Caquetá.. (6)

Foi sócio do traficante Fernandinho Beira-Mar, detido em 19 de abril de 2001 nas selvas de Guainía e entregue à Justiça brasileira, onde foi condenado a 30 anos de prisão. ( 6 )

“Negro Acacio” era considerado o cérebro da gestão dos recursos obtidos pelas Farc com o tráfico de cocaína com destino à cúpula do grupo e à compra de armas. ( 6 )

Medina Caracas se reunia há seis anos com Fernandinho Beira-Mar nas selvas colombianas de Vichada, limite com o Brasil e a Venezuela, para conduzir grandes negócios de cocaína em troca de fuzis e munição. ( 6 )

Em bilhete apreendido pela PF, Fernandinho Beira-mar revela relação com as Farc. ( 7 )

Em um bilhete divulgado pelo jornal O Dia, o traficante revelou planos de retomar comércio de armas com a Nigéria. Ele também admitiu que trocou drogas com traficantes nigerianos por 108 fuzis para abastecer as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia): ( 7 )

“Assim que a gente tiver caixa [dinheiro] vamos montar uma empresa nossa no Suriname e outra no Paraguai. Para a gente trazer tudo lá de fora a preço de custo. Como eu fazia para levar as armas para a guerrilha [Farc]. (…) Para comprar 108 armas na Nigéria (…) eu mandei a mercadoria no navio. Para cada quilo de pó [cocaína] eu pegava 4 bico [fuzil]”, diz trecho de carta apreendida pela PF. ( 7 )

Partidos de esquerda da Europa e da América Latina foram financiados com dinheiro do narcotráfico, denunciou a jornalista espanhola Cristina Seguí. A conclusão veio depois de se debruçar sobre o caso envolvendo a prisão de Hugo Carvajal, na Espanha, ex-chefe de Inteligência da ditadura socialista da Venezuela. Detido no mês passado, o aliado de Nicolás Maduro estava foragido desde 2019, além de figurar na lista dos mais procurados pelos Estados Unidos por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. ( 8 )

A Justiça espanhola determinou a extradição aos Estados Unidos do general venezuelano chavista Hugo Armando Carvajal, detido em Madri e considerado o fugitivo mais procurado por tráfico de drogas pelos americanos, após negar a sua solicitação de asilo na Espanha. A Audiência Nacional decidiu nesta quarta-feira (20) que Carvajal ficará à disposição da Unidade de Cooperação Policial Internacional, que deverá concretizar a entrega aos EUA. ( 9 )

A determinação da corte espanhola vem na mesma semana em que o site Ok Diario revelou que o ex-chefe da inteligência militar venezuelana informou à Justiça da Espanha que os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram pagamentos ilegais a partidos e políticos de esquerda no país europeu e na América Latina, entre eles os ex-presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Néstor Kirchner, e da Bolívia, Evo Morales. ( 9 )

Em uma carta enviada ao juiz espanhol Manuel García-Castellón, à qual o Ok Diario teve acesso, Carvajal informou que o governo da Venezuela financiou o partido de esquerda Podemos, da Espanha, desde sua criação, em 2014, até pelo menos julho de 2017. A legenda espanhola também teria recebido pagamentos de Cuba. ( 9 )

Na carta, Carvajal apontou: “Enquanto era diretor da inteligência militar e contra-espionagem na Venezuela, recebi um grande número de relatórios indicando que esse financiamento internacional estava ocorrendo. Exemplos específicos são: Néstor Kirchner, na Argentina; Evo Morales, na Bolívia; Lula da Silva, no Brasil; Fernando Lugo, no Paraguai; Ollanta Humala, no Peru; (Manuel) Zelaya, em Honduras; Gustavo Petro, na Colômbia; o Movimento Cinco Estrelas, na Itália; e o Podemos, na Espanha. Todos eles foram relatados como destinatários de dinheiro enviado pelo governo venezuelano”. ( 9 )

O general, que rompeu com Maduro em 2019, informou ao juiz que esse esquema de financiamento ilegal a movimentos políticos de esquerda teria funcionado durante “pelo menos 15 anos”. ( 9 )

1 – https://bit.ly/3F5owrF

2 – https://bit.ly/3CUhgOC

3 – https://bit.ly/3EQCLAs

4 – https://bit.ly/3CSFUyP

5 – https://bit.ly/3qa5Imy

6 – https://glo.bo/3mR4dYk

7 – https://bit.ly/31pe4wj

8 – https://bit.ly/3mQRLYW

9 – https://bit.ly/3o6iL63

Restrições na China – Centrais sindicais – Carnaval 2022

China volta implantar restrições.

“A origem do foco está ligada a um casal de idosos que viajava com um grupo de turismo. Eles iniciaram o deslocamento em Xangai, antes de voar para Xi’an (centro) e às províncias de Gansu e Mongólia Interior (norte).” (1)

“…novo foco de covid-19 vinculado a um grupo de turistas em viagem doméstica pelo país” (2)

Centrais sindicais, preocupadas com a saúde (sic), contestam portaria que proibi empresas de exigirem comprovante de vacina.

“Após o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, ter publicado uma portaria proibindo que empresas exijam comprovante de vacinação de trabalhadores, centrais sindicais divulgaram uma nota conjunta contestando a decisão do governo.” (3)

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“Considerando que a não apresentação de cartão de vacinação contra qualquer enfermidade não está inscrita como motivo de justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador(…), é  proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho” (4)

“Falei com o presidente e tomamos a decisão de emitir essa portaria. Ela evita atos discricionários. A Constituição é clara ao dizer que os direitos individuais devem ser respeitados no Brasil. Ninguém pode ser obrigado a fazer algo sem ser por lei, e não há lei nenhuma dizendo que exija certificado de vacinação” (4)

Carnaval 2022.

“A menos de seis meses para o Carnaval de 2022, quatro capitais brasileiras já começaram a desenhar os planos para realizar o evento sem restrições de distanciamento social e uso de máscaras contra a Covid-19.”(5)

No Carnaval de 2020, as quatro capitais reuniram mais de 42 milhões de pessoas, segundo dados das prefeituras. Em 2021, o evento foi cancelado devido ao novo coronavírus”. (5)

“A movimentação do Carnaval 2022 na Sapucaí já tem data para acontecer.” (6)

“É improvável que aconteça um adiamento dessa vez.” (6)

De acordo com o governo do estado do Rio de Janeiro, a expectativa geral é de que o megaevento recupere a receita de R$ 2,2 bilhões de reais na economia, perdida por conta do cancelamento do Carnaval em 2021.” (6)

1 – https://bit.ly/3bGm6TA

2 – https://bit.ly/3GXnijY

3 – https://bit.ly/3GW6bir

4 – https://bit.ly/3o1m8er

5 – https://bit.ly/3kbz5kJ

6 – https://bit.ly/3qapiPJ

Com mudança de nome Facebook aposta tudo no metaverso.

COM MUDANÇA DE NOME FACEBOOK APOSTA TUDO NO METAVERSO. 28/10/2021

https://bit.ly/3nJM3Hm

O Facebook está cheio de problemas mundanos. A empresa passa por uma crise após informações internas vazadas pela ex-funcionária Frances Haugen, que apontam que foi priorizada a competição e crescimento em detrimento do bem estar de usuários. Além disso, está na mira de reguladores americanos e vê o mercado de publicidade, seu principal filão, passando por dificuldades em meio a novas regras de privacidade de empresas como a Apple.

Apesar disso, o foco da empresa está em outra realidade. Nos últimos meses, o Facebook tem batido na tecla do Multiverso, uma nova realidade virtual que deve permitir que pessoas se conectem a um mesmo universo tecnológico e tenham relações interpessoais que vão além das telas que usamos atualmente.

Novos detalhes dessa rede foram apresentados na Facebook Connect, uma conferência virtual da companhia nesta quinta-feira, 28.

“Comer no Metaverso vai parecer que você está na mesma sala com alguém, ao invés de olhar para um grid em uma tela”, disse Mark Zuckerberg em anúncio. “Telas não conseguem contemplar a interação entre as pessoas”.

Zuckerberg apresentou uma série de interações que poderão acontecer nesse novo universo, como after parties depois de um show presencial, games e esportes como boxe ou basquete, e até interações de trabalho, permitindo facilitar reuniões e integrar trabalho remoto e híbrido.

“Estou otimista sobre trabalho no Metaverso. Muitos migraram para um modelo remoto no último ano e meio, mas o híbrido vai ser complexo, então dar as ferramentas para que todos possam estar presentes não importa onde estejam vai ser transformador”, disse o CEO.

Para garantir que há pessoas trabalhando para criar e desenvolver a tecnologia que dará sentido ao Metaverso, o Facebook anunciou um investimento de 150 milhões de dólares em um fundo de educação para ajudar a formar uma nova geração de programadores e designers, além de introduzir certificação oficial do Facebook em Spark AR, a plataforma de realidade aumentada do Facebook que permite a criação de filtros.

A ideia é ajudar profissionais que estariam interessados na tecnologia a encontrar bons empregos e desenvolver a plataforma ao mesmo tempo. A empresa anunciou que tem atualmente mais de 600.000 desenvolvedores em AR e pretende aumentar esses números, facilitando o acesso de criadores de conteúdo a ferramentas de realidade aumentada.

A aposta no Metaverso é tão grande que o Facebook anunciou durante a Connect que está oficialmente mudando de nome e passará a se chamar Meta. As redes sociais manterão o mesmo nome que já têm.

Zuckerberg tocou ainda em outros pontos interessantes do conceito, como a possibilidade de acesso a programas e jogos em diversas lojas — uma cutucada ao modelo de empresas como Apple, em que aplicativos só podem ser adquiridos pelas lojas oficiais. O executivo falou também sobre privacidade e segurança (área ainda cheia de dúvidas) e até propriedade de avatares, peças de obra de arte digital e NFTs.

Embora o Facebook trabalhe com realidade virtual e aumentada há muitos anos, em empresas como Oculus, a companhia conquistou a confiança de comunidades importantes como das criptomoedas e blockchain ao anunciar a entrada no Metaverso.

O executivo deixou claro no anúncio desta quinta que pretende permitir que propriedade no Metaverso fique nas mãos de usuários e não de plataformas e isso daria abertura às NFTs de obras de arte que chamaram tanta atenção leilões milionários em 2021.

Para muitos, Zuckerberg é o fundador remanescente no comando das gigantes de tecnologia. Google, Amazon, Apple e Microsoft hoje são comandadas por funcionários de carreira, que fizeram história na construção dessas companhias. Essa posição daria a Zuckerberg a personalidade de fundador, de buscar inovações e implementações futuristas.

Por esse motivo, a rede social — que tenta deixar essa alcunha específica para trás — vem investindo nos últimos anos em tecnologia que irá facilitar a interação com um universo digital. Além dos óculos de realidade virtual, o Facebook financia outras tecnologias, como uma pulseira para interação com realidade aumentada, anunciada no ano passado.

A ideia é desenvolver maior liberdade de movimento em um ambiente digital e permitir deixar as telas para trás, com equipamentos que possam transpor a pessoa para outra realidade.

Ainda estamos há alguns anos dessa realidade e de um Metaverso absolutamente interativo, mas, segundo Zuckerberg, é um novo mundo que começa a tomar forma, onde ele e sua empresa querem estar presentes.

LEIA TAMBÉM.

Facebook investirá US$ 50bilhões para costruir metaverso. 27/09/2021

https://glo.bo/3By8RP2

Facebook vai investir US$10 bilhões para criar seu próprio metaverso. 27/10/2021

https://bit.ly/3bqHbkz

O estado não tem outra fonte de recursos além do dinheiro que o cidadão ganha para si mesmo!

O estado não tem outra fonte de recursos além do dinheiro que o cidadão ganha para si mesmo!

Um dos grandes debates do nosso tempo é quanto do seu dinheiro deve ser gasto pelo Estado e com quanto você deve ficar para gastar com sua família.

Não nos esqueçamos nunca desta verdade fundamental, o Estado não tem outra fonte de recursos além do dinheiro que as pessoas ganham por si próprias.

Se o Estado deseja gastar mais ele só pode fazê-lo tomando emprestado  sua poupança ou cobrando mais tributos. E não adianta pensar que alguém irá pagar  Esse “alguém” é você! Não existe essa coisa de “dinheiro público”, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos.

A prosperidade não virá por inventarmos mais e mais programas generosos de gastos públicos. Você não enriquece por pedir outro talão de cheques ao banco e nenhuma nação se tornou próspera por tributar seus cidadãos além de sua capacidade  de pagar.

Nós temos o dever de garantir que cada centavo que arrecadamos com a tributação seja gasto bem e sabiamente. Pois é o nosso que é dedicado à boa economia doméstica, na verdade, atrevo-me a apostar que se o Sr. Gladstone estivesse vivo, filiar-se-ia ao Partido Conservador.

Proteger a carteira di cidadão, proteger os serviços públicos, essas são nossas duas maiores tarefas e ambas devem ser conciliadas.

Como seria prazeroso, como seria popular dizer “gaste mais nisso, gaste mais naquilo” . É claro que todos temos causas favoritas, eu , pelo menos, tenho. Mas alguém tem de fazer as contas. Toda empresa tem de fazê-lo, toda dona de casa tem de fazê-lo. Todo governo tem de fazê-lo e este irá fazê-lo.

Coast-TV

https://cos.tv/videos/play/31747331933115392

O êxodo da manufatura chinesa: fechando a “fábrica do mundo”.

A China cresceu e se tornou a “fábrica do mundo” ao longo dos últimos 40 anos. Isso começou com o ex-presidente Deng Xiaoping ordenando uma reforma econômica no final dos anos 1970 e introduzindo o conceito de um mercado livre na China pela primeira vez.

De repente, uma mistura de regulamentações estaduais flexíveis e acesso à maior e mais jovem força de trabalho do mundo tornou a China o lugar perfeito para terceirizar a manufatura. As taxas de mão-de-obra baratas e o acesso próximo às populações de consumidores em rápido crescimento no Sudeste Asiático tornaram a China um dos centros de negócios mais lucrativos do mundo. Em 2011 ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior fabricante do mundo.

Ao longo desses quarenta anos, o mundo ao redor da China também passou por uma enorme transformação digital. Os eletrônicos de consumo proliferaram em casas e locais de trabalho com papel e canetas substituídos por telefones, tablets e computadores.

Por meio de um planejamento rápido, a China foi capaz de adaptar rapidamente suas capacidades de fabricação e desenvolver indústrias especializadas, como eletrônica e fabricação de PCBs. Cidades inteiras como Shenzhen foram construídas com o único propósito de permitir a fabricação mais rápida de eletrônicos de consumo.

Esse ponto de maturação na curva de crescimento exponencial da China, entretanto, levou a algumas circunstâncias imprevistas. O preço e a velocidade com que a China era capaz de produzir bens começaram a diminuir à medida que a população do país crescia e sua presença no cenário global chamava a atenção em torno das regulamentações ambientais e salariais. A especialização elevou as taxas de mão-de-obra, resultando na taxa média de mão-de-obra por hora da manufatura se fixando em cerca de US $ 6,50 por hora, quase 20% acima dos anos anteriores .

Para as empresas americanas modernas, o risco da cadeia de suprimentos está em primeiro lugar. As empresas estão diversificando suas cadeias de suprimentos para mitigar os riscos cada vez mais cedo em seus ciclos de produção, não deixando o risco de serem apanhadas de mãos vazias para a próxima pandemia global.

Forbes – 18/09/2020

The Exodus Of Chinese Manufacturing: Shutting Down ‘The World’s Factory.

https://bit.ly/3vbiWA1

Influenciadores virtuais

Ela posou para a Prada, Chanel e Calvin Klein, beijou Bella Hadid na boca e acumula mais de 2,5 milhões de seguidores no Instagram. Mas Miquela não é a típica influenciadora que as pessoas já estão acostumadas. A jovem de 19 anos, na verdade, não existe, pelo menos não fisicamente. Trata-se de uma projeção virtual.

Miquela é parte de um grupo de influenciadoras digitais que foram criadas virtualmente por empresas que descobriram um mercado milionário ainda pouco explorado. Estima-se que a jovem fatura em torno de R$ 65 milhões por ano.

O site OnBuy listou as influenciadoras virtuais que tiveram maior retorno financeiro ao longo do ano. Depois de Miquela, que encabeçou a lista, vem Noonoouri, com R$ 16 milhões e Imma, R$ 3,6 milhões.

Em quarto e quinto lugar aparecem Bermuda, R$ 3,2 milhões, e Blawko, R$ 1,1 milhão.

As influenciadoras virtuais com maior faturamento anual


1. Miquela Sousa, R$ 65 milhões

2. Noonoouri, R$ 16 milhões

3. Imma, R$ 3,6 milhões

4. Bermuda, R$ 3,2 milhões

5. Blawko, R$ 1,1

FONTE: https://glo.bo/3pceaBz

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Raça, gênero e representatividade: as problemáticas do metaverso

OBS: Quem controla o que é dito por um influenciador digital virtual?

Raça, gênero e representatividade: as problemáticas do metaverso

O entusiasmo da indústria da moda pelo metaverso – ambiente digital onde avatares digitais, ativações de realidade virtual, NFTs e parcerias de jogos oferecem um terreno fértil para construir relacionamentos com os clientes da geração Z – traz à tona novos desafios éticos, incluindo a representação de gênero e raça.

As perguntas que especialistas e comunidades têm feito são: é certo que qualquer pessoa tenha o direito de inventar qualquer avatar, como, por exemplo, um homem branco criando o avatar de uma mulher negra? É um problema que os jogadores masculinos se sintam mais confortáveis ​​usando avatares femininos do que as mulheres usando avatares masculinos? O que significa quando avatares femininos e de pele escura chamados Meebits, que vivem na cadeia de blocos Ethereum, são menos procurados do que os de homens brancos? E o que acontece quando a presença de marca em um jogo beira apropriação cultural?

“Como o mundo digital permite com que as marcas e os consumidores façam o que quiserem, como criar um modelo para uma campanha específica, existem aí muitas problemáticas“, diz Francesca Bonetti, professora assistente de marketing do London College of Fashion, que pesquisou o uso de avatares com inteligência artificial pelas marcas. “O metaverso traz ou intensifica muitos dos problemas que enfrentamos no mundo real, sobre temas como direitos, identidade, respeito e felicidade”, acrescenta o capitalista de risco e especialista em metaverso Matthew Ball, que assessora grifes de moda. “As respostas não são claras ou fáceis, mas isso é verdade em todo o mundo. As marcas cometerão erros. O mesmo acontecerá com plataformas e indivíduos. A adaptação ao metaverso requer novas habilidades e estar confortável com as novas incertezas.”

No metaverso, as marcas não podem abandonar os esforços do mundo real quando se trata de diversidade e representatividade. Segundo os especialistas, não apenas as mesmas regras se aplicam, mas as marcas devem percorrer ambientes nos quais regras e normas ainda estão sendo estabelecidas.

Personalidades digitais e fictícias

Nos últimos anos, pessoas e empresas criaram influenciadores virtuais. Hoje, as marcas estão começando a explorar a criação de suas próprias personalidades digitais. Entre as mais reconhecidas são a brasileira-americana Lil Miquela, que já trabalhou com a Prada, e a sul-africana Shudu Gram, que foi modelo para a Balmain.

“Existem benefícios potenciais em contratar um influenciador digital ou criar um influenciador próprio”, diz Bonetti da LCF. “Muitos influenciadores reais têm desvantagens e, se você criar o seu próprio, poderá controlá-los.” Na China, por exemplo, as marcas estão se voltando para influenciadores digitais para evitar a desaprovação do governo quanto à cultura da celebridade. No entanto, os críticos argumentam que os influenciadores digitais estão tirando empregos de pessoas reais negras (grifo meu), enquanto outros questionam a adequação de uma mulher negra digital ser criada por um homem branco (grifo meu).

Sian Hawthorne, professor da Universidade de Londres, que pesquisa filosofia, raça e gênero, acredita que é aceitável que pessoas e marcas criem personagens que não se pareçam com quem os criou. “Eu não acho que as pessoas vão dizer que você só tem permissão para produzir alguém como você mesma. Somos seres humanos e temos imaginação. Mas é importante estar ciente dos estereótipos que podem ser prejudiciais.” (grifo meu)

A maioria dos especialistas adverte contra o “blackface digital”, usar um avatar negro quando a pessoa não é negra, ou “turismo de identidade”, outro termo que refere-se a escolher um personagem fora de sua própria identidade. As implicações de experimentar com gênero são menos claras. Alguns acham que isso permite que as pessoas explorem identidades com mais segurança, enquanto outros dizem que, por exemplo, homens interpretando personagens femininos é uma forma de os homens objetificarem os corpos das mulheres.

E o metaverso está se tornando um lugar para onde as pessoas de fato vão, o que é um novo jeito de pensar para as empresas.

FONTE – https://glo.bo/3j5z7tT

OBS: Não deixa de ser curioso o comentário de que influenciadores digitais estão tirando empregos de pessoas reais… negras… o risco não seria o mesmo para qualquer outra? Qual a razão de pessoas negras em específico serem prejudicadas?  Note também a bandeira de defesa para que se estendam direitos humanos à inteligências artificiais. Esse tem sido um debate igualmente acirrado e curioso. Outro ponto a se destacar é o bondoso aviso de que devemos estar cientes dos estereótipos que podem ser prejudiciais.

Reflita.

Se na vida comum de todos os dias somos bombardeados com o grito de independência que cada  um tem para ser tratado do jeito que quiser, qual seria o problema do uso de um avatar negro por uma pessoa branca? Do uso de um avatar masculino por uma mulher? Se no dia a dia se defende como direito essa torção ( afinal de contas, chegamos ao ponto em que os órgãos sexuais não servem mais para distinção entre macho e fêmea) onde estaria o erro no uso do mesmo princípio em um ambiente virtual?

Insisto.

Reflita.

Se no mundo real tais ideias não são consideradas “estereótipos  que podem ser prejudiciais” , como pode ser prejudicial a extensão daquilo que se defende como direito aqui,  ao mundo virtual? Onde está, exatamente, a diferença entre um homem que quer ser tratado como mulher e uma mulher negra que utilize um avatar de homem branco?

As vezes eu tendo imaginar como seria um debate entre os que defendem isso e Darwin…

A MENTE REVOLUCIONÁRIA: a mudança do paradigma no seio da Igreja Católica

Surge um novo credo.

No último dia 04 de maio, completou-se um ano desde a publicação de uma nova biografia do Papa Emérito Bento XVI, escrita pelo jornalista alemão Peter Seewald e lançada pela editora Droemer Knaur, com sede em Munique, sob o título “Benedikt XVI – Ein Leben” (“Bento XVI – Uma Vida”)[i]. Em uma longa entrevista no final do livro de 1.184 páginas, o Papa Emérito disse que a sociedade moderna está formulando uma espécie de “credo anticristão”, e castigando aqueles que resistem com a “excomunhão social”. “Cem anos atrás”, continuou Bento XVI, “todos teriam pensado que era absurdo falar sobre casamento gay”. Ora, tal “credo” talvez passasse despercebido por muitos de nossos contemporâneos, não fosse pelo fato de que ele, ao que tudo indica, está sendo professado também por indivíduos que pertencem ao seio da Igreja Católica. Sem o menor escrúpulo, clérigos e leigos da Alemanha têm apoiado abertamente, por exemplo, a bênção do “casamento” gay[ii], e a comunhão para não-católicos[iii]. Tristemente, esse comportamento tem tido eco em outras partes da Europa[iv], e é evidente, pelos documentos do magistério da Igreja[v], que tais práticas fazem parte de um outro “credo”, que opõe-se àquele católico, ou seja, estamos testemunhando uma mudança de paradigma. O “credo anticristão” não se origina da Revelação, da Sagrada Escritura, da Tradição ou do Magistério da Igreja, mas do “politicamente correto”, de uma vaga e ambígua “consciência social”, ou de valores e concepções filosófico-teológicas de tradições religiosas estranhas ao cristianismo, entre outras fontes heterodoxas. Tradicionalmente, “um paradigma se refere precisamente a um exemplo concreto, a um padrão determinado, que é claro, visual e que pode servir de referência para realizar determinada ação. O exemplo se torna um modelo a seguir”[vi].
Alguém poderia bradar com veemência: “é tudo culpa do Concílio Vaticano II”! Seria uma exclamação demasiado simplista para um problema delicado e complexo como o é esse da mudança de paradigma. É preciso perguntar: “a culpa está no Papa João XXIII – que convocou o Concílio – e nos Padres conciliares, ou ela está nos inimigos infiltrados que espalharam aos quatro ventos a expressão ‘espírito do Concílio’, como que criando um ‘mantra’ que viria a justificar todo tipo de abuso e de interpretação tendenciosa e distorcida dos textos?” O Papa João XXII foi muito claro ao anunciar a finalidade principal do Concílio: “O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz”[vii]. Não é aceitável afirmar que ele mentiu. Mais recentemente, em 2012, por ocasião do 50º aniversário do Concílio Vaticano II, o Papa Bento XVI declarou:
“Os Padres conciliares não podiam nem queriam criar uma Igreja nova, diversa. Não tinham o mandato nem o encargo para o fazer: eram Padres do Concílio com uma voz e um direito de decisão só enquanto bispos, quer dizer em virtude do sacramento e na Igreja sacramental. Então não podiam nem queriam criar uma fé diversa ou uma Igreja nova, mas compreendê-las a ambas de modo mais profundo e, consequentemente, ‘renová-las’ de verdade. Por isso, uma hermenêutica da ruptura é absurda, contrária ao espírito e à vontade dos Padres conciliares”[viii].
Também não é aceitável afirmar que Bento XVI mentiu. Contudo, é inegável que o esforço pela mudança de paradigma – que já vinha se insinuando há muito tempo no interior da Igreja – ganhou impulso notável a partir da década de 1960. Tanto foi assim que o Papa Paulo VI, a quem coube encerrar o Concílio Vaticano II, dramaticamente declarou:
“Neste momento há na Igreja uma grande inquietação. O que está em questão é a fé! O que me perturba quando considero o mundo católico, é que, dentro do catolicismo, algumas vezes, parece predominar um pensamento não-católico; pode acontecer que este pensamento não-católico, dentro do catolicismo, amanhã seja a força maior na Igreja, mas nunca será a Igreja”[ix].
Apesar das retas intenções dos papas e dos Padres conciliares (ao menos em sua esmagadora maioria), durante os anos pós-conciliares ocorreu efetivamente o start de uma revolução, da implementação de um “culto da mudança”, onde a novidade tornou-se um elemento obrigatório, fazendo com que todos os que se alicerçam na sabedoria perene, na moral tradicional, na herança cultural dos antepassados, no depositum fidei[x] fossem condenados como obscurantistas, rígidos, fundamentalistas, etc.

O otimismo revolucionário.

É indispensável recordar que o “clima” dos anos conciliares era de euforia, otimismo e esperança, como se naquele momento a Igreja estivesse prestes a ascender a um estágio de plena e bem-sucedida influência benéfica sobre as culturas e nações da Terra; cabe aqui, porém, lembrar as palavras proferidas por Joseph Ratzinger, no verão de 1986, durante sua pregação de exercícios espirituais aos sacerdotes do movimento Comunione e Liberazione:
“O otimismo poderia ser simplesmente uma cobertura, sob a qual escondia-se justamente o desespero que se queria superar. Mas poderia também tratar-se de algo pior: esse otimismo metódico teria sido produzido por aqueles que desejavam a destruição da velha Igreja, e que, sem tanto ruído, com o manto protetor da reforma, quereriam construir uma Igreja completamente diferente, ao seu gosto, que porém não poderiam iniciar para não desvelar cedo demais as suas intenções. Então, o público otimismo era uma espécie de tranquilizante para os fiéis, com o objetivo de criar o clima adaptado a desfazer, possivelmente em paz, a Igreja, e assim adquirir o domínio sobre ela. O fenômeno do otimismo teria, portanto, duas faces: por um lado, supõe a beatitude da confiança, ou melhor, a cegueira dos fiéis, que se deixam acalmar por boas palavras; por outro lado, consiste em uma consciente estratégia de mudança da Igreja, na qual nenhuma outra vontade superior – vontade de Deus – nos perturba mais, nem inquieta mais a consciência, enquanto a nossa própria vontade tem a última palavra”[xi].
Na medida em que alguns membros da Igreja Católica, imersos numa espécie de estranho otimismo, rebelam-se contra o edifício teológico erigido com base na Revelação e na Doutrina dos Apóstolos, tentando “desconstruí-lo”[xii], produz-se uma mudança de paradigma no seio dessa mesma Igreja, inicia-se uma revolução baseada sobretudo numa violenta e nefasta onda de ressignificação, e a promoção de uma ressignificação no interior da Igreja Católica equivale à promoção da metamorfose dessa mesma Igreja, tornando-a não mais a Igreja de Jesus Cristo, mas algo semelhante a uma pós-Igreja.Assim, temos a impressão de que toda revolução no seio da Igreja tem sido ornada por um otimismo enganoso, uma excitação, uma “cortina de fumaça” composta de novidades, que dissimula as verdadeiras intenções do inimigo, ao mesmo tempo que produz uma atmosfera de impaciência pelo novo.Vejamos o testemunho do jornalista e professor italiano Giuseppe Gennarini, catequista itinerante que introduziu nos Estados Unidos o Caminho Neocatecumenal, e que experimentou na juventude o “otimismo” socialista, um dos pais da Teologia da Libertação, e que produziu rebeldia e mudança de paradigma no seio da Igreja durante mais de meio século:
“Nesse meio-tempo, enquanto eu estava fazendo minha tese sobre o conceito de homem segundo Marx, chegou o célebre ano de 1968, que foi um ano de uma grande comoção. Eu sempre havia sido bastante rebelde, também por minha história pessoal em minha família, sendo o mais novo de meus irmãos; e aquele 1968 com sua ‘revolução’ me caiu muito bem. (…) Nós estudantes deixamos de estudar, e nas aulas interrompíamos o professor – que estava ali falando como eu agora – nos sentávamos em sua escrivaninha e lhe dizíamos: ‘não podes falar de literatura italiana, tu não podes falar de literatura latina, enquanto houver injustiça nas estruturas sociais; porque, dando esse conteúdo, tu estás confirmando a injustiça da sociedade. Nós temos que fazer a revolução. Assim, em vez de falar em Platão, em vez de falar de Dante Alighieri, agora falaremos de marxismo, de Lenin e da revolução’.Isso foi o que fizemos. Muitos professores cederam; queriam agradar os estudantes. Isso contribuiu para a destruição da Universidade e das escolas na Itália. Eu contribuí para isso. Talvez este curso é parte do purgatório que eu mereço. (…)Então, em meio a essa ‘revolução’ na qual tínhamos assembleias que duravam horas, com intermináveis discussões, eu entrei em crise porque havia visto que esta ideologia marxista não era capaz de dar-nos uma condução moral. (…)As pessoas eram prescindíveis, porque a única verdade era o avanço da revolução. A pessoa que estava ao teu lado, se estava sofrendo ou não, não importava. Isso não era importante, o ‘privado’ não tinha importância. Definitivamente, as relações eram muito superficiais e egoístas, uns usavam os outros”[xiii].
O espírito de contestação, tão evidente na década de 1960, infiltrou-se na Igreja Católica para nunca mais deixá-la. Porém, engana-se quem pensa que essa atitude de contestação, ávida de reformas, começou com o Concílio Vaticano II, ou com a revolução estudantil de 1968. Já em 1950 o famoso teólogo dominicano francês Yves Congar[xiv], entusiasta do ecumenismo[xv], publicava o seu livro “Vraie et fausse reforme dans l’Église” (“Verdadeira e falsa reforma na Igreja”), no qual afirma:“Esta Igreja que, tal como é, deve ser aceita e não aceita ao mesmo tempo. Se não é aceita, far-se-á uma Igreja diferente, que não será ela – a menos que se fracasse miseravelmente e não se consiga nada – e, portanto, não será reformada. Se aceitamo-la como está, não mudar-se-á nada nela e, por isso, já não será reformada. Não se deve mudar a Igreja e, entretanto, deve-se mudar algo nela. Não há que fazer outra Igreja, mas, em certo sentido, há que fazer uma Igreja outra, diferente”[xvi].

O processo revolucionário

O leitor, com toda razão, a esta altura deve estar perguntando-se: “Como a Igreja chegou a esse ponto”? A palavra-chave para a compreensão desses eventos é “sabotagem” (consciente ou inconsciente), que é uma das ferramentas revolucionárias.A mentalidade revolucionária certamente tem acompanhado a humanidade durante toda a sua história[xvii], e deixou traços de sua existência até no seio da Igreja Católica, como é o caso, por exemplo dos escritos do Pe. Jean Meslier (1664-1729), um vigário de aldeia que viveu na mais esquecida das Ardenas francesas esquecidas, e que expressou toda a sua indignação contra a opressão e as injustiças sociais cometidas contra os camponeses durante o reinado de Luís XIV, opondo-se claramente à religião cristã um século antes de Nietzsche e algumas décadas antes do surgimento do marquês de Sade, e preconizando, muito antes dos jacobinos, dos anarquistas e dos bolcheviques, a união de todos os explorados e oprimidos em torno do estrangulamento do último rei com as tripas do último padre:
“Talvez pensem, meus caros amigos, que, entre tantas religiões que existem no mundo, a minha intenção seria a de excluir, pelo menos desse número, a religião cristã, apostólica e romana, que professamos, e da qual dizemos ser a única que reconhece e que adora como deve ser o verdadeiro Deus, a única que conduz os homens no verdadeiro caminho da salvação e de uma eternidade feliz. Mas desenganai-vos, meus queridos amigos, desenganai-vos disso e, de uma forma geral, de tudo o que os vossos piedosos ignorantes, ou escarnecedores e interesseiros, padres e doutores se esforçam por vos dizer e fazer acreditar, sob o falso pretexto da certeza infalível da sua pretensa santa e divina religião. Vós não sois menos seduzidos nem menos enganados do que os que são mais seduzidos e enganados. Não estais menos imbuídos do erro do que aqueles que nele se encontram mais profundamente mergulhados. A vossa religião não é menos ilusória nem menos supersticiosa do que qualquer outra. Não é menos falsa nos seus princípios nem menos ridícula e absurda nos seus dogmas e nas suas máximas. Não sois menos idólatras que aqueles que censurais e que vós próprios acusais de idolatria. Os ídolos dos pagãos e os vossos só diferem nos nomes e nos rostos. Numa palavra, tudo o que os vossos padres e doutores vos pregam com tanta eloquência sobre a grandeza, a excelência e a santidade dos mistérios que vos fazem adorar, tudo o que vos contam com tanta gravidade da certeza dos seus supostos milagres e tudo aquilo que vos papagueiam com tanto zelo e tanta segurança sobre a grandeza das recompensas do céu e sobre os horríveis tormentos do inferno não passam, no fundo, de ilusões, de erros, de mentiras, de ficções e de imposturas inventadas inicialmente por políticos sutis e manhosos, continuadas por sedutores e por impostores, posteriormente recebidas e seguidas cegamente por povos ignorantes e rudes, e, finalmente mantidas pela autoridade dos grandes e dos soberanos da Terra que favoreceram os abusos, os erros, as superstições e as imposturas, que as autorizaram mesmo com as suas leis a fim de manter assim o comum dos homens com a rédea curta e fazer deles tudo o que quisessem. (…)Ah!, meus caros amigos, se soubessem a inutilidade e a loucura dos erros de que vos convencem sob o pretexto da religião, se soubessem como abusam, injusta e indignamente, da autoridade e usurpam em detrimento de vós sob o pretexto de vos governar, sentiríeis apenas certamente desprezo por tudo o que vos fazem adorar e respeitar, ódio e indignação por todos aqueles que vos enganam e vos governam tão mal e que vos tratam de uma forma tão indigna. Isto lembra-me uma história de um desejo outrora expressado por um homem, que não tinha ciência nem estudos, mas a quem, segundo as aparências, não faltava bom senso para avaliar judiciosame todos estes detestáveis abusos e todas as detestáveis tiranias que eu aqui vitupero. Parecia que, pelo seu desejo e pela maneira de exprimir o seu pensamento, era capaz de ver longe e penetrar profundamente nesse detestável mistério de iniquidade de que falei atrás, uma vez que reconhecia perfeitamente os seus autores e fautores. Ele gostaria de ver todos os grandes da Terra e todos os nobres enforcados e estrangulados com as tripas dos padres. Esta expressão não deve deixar de parecer rude, grosseira e chocante, mas é preciso confessar que ela é franca e ingênua. É curta, mas eloquente, uma vez que exprime em poucas palavras tudo o que este gênero de pessoas mereceria.”[xviii]
Fica claro pela breve análise do que trouxemos à luz até aqui, que a mentalidade revolucionária que atingiu a Igreja Católica é menos recente do que se poderia estimar em uma análise superficial, e que a sua aceitação implicaria uma “mudança de paradigma”, que modificaria o modo de fazer Teologia e de interpretar a Escritura, a Tradição e os documentos do Magistério, ou seja, estaria estabelecida aquela Igreja outra que desejava Yves Congar.Assim, se a Igreja foi atingida pela mentalidade revolucionária, se isso pode levar a uma mudança de paradigma, e se a principal ferramenta utilizada nesse processo é a sabotagem, resta-nos verificar como esta tem sido empregada pelos inimigos. Basicamente essa sabotagem tem acontecido em duas formas principais: a infiltração, e a ressignificação – esta última elimina obstáculos tendo em vista outras duas formas de sabotagem: a protestantização e a marxização. Não é possível esgotar neste artigo os exemplos de cada uma destas formas; vamos, porém, citar alguns, comentando-os brevemente.

Infiltração

É fato histórico que toda perseguição contra a Igreja Católica produziu mártires, testemunhas da fé que preferiram resistir até o sangue do que abandonar o seguimento de Cristo e a fidelidade à sua doutrina. Uma tal muralha de resistência impedia definitivamente os inimigos de destruírem a Igreja desde fora. Assim, não é de estranhar que mudassem de estratégia, tramando para destruir a Igreja a partir de dentro, por infiltração. A ingenuidade e o excessivo otimismo de muitos católicos foram uma das fendas por onde a “fumaça de Satanás”[xix] invadiu a Igreja. A infiltração é a mais covarde e a mais terrível das estratégias para tentar destruir um oponente. Infiltrar inimigos na hierarquia da Igreja significou “amarrar” as mãos de muitos pastores que já não sabiam a quem confiar segredos administrativos, nem a quem pedir conselhos, passando a “voar às cegas” sem ter certeza se a direção que estavam tomando levava ao pouso seguro, ou ao desastre total.
“Os engenheiros do Vaticano II foram Karl Rahner, Edward Schillebeeckx, Hans Küng, Henri de Lubac e Yves Congar. Todos os cinco homens foram vigiados sob supeita de modernismo ante Pio XII. Karl Rahner, S.J., teve mais influência do que qualquer outro sobre a teologia do Vaticano II – tanto que se poderia dizer que o Vaticano II é simplesmente rahnerianismo. (…) O Cardeal Ottaviani tentara convencer Pio XII a excomungar Rahner em três ocasiões, mas sem sucesso. A sorte de Rahner inverteu quando João XXIII o designou como peritus, ou especialista, para o Vaticano II. (…) Rahner foi incumbido de reestruturar a doutrina da Igreja para tempos modernos, e o resultado foi o documento rahneriano Lumen Gentium. Rahner introduziu uma nova eclesiologia na qual a Igreja de Cristo não é a Igreja Católica, mas mais precisamente ‘subsiste na Igreja Católica’.”[xx]
Bella V. Dodd, italiana de nascimento, imigrou ainda criança para a América, foi membro do Comitê Nacional do Partido Comunista dos Estados Unidos, integrante dos conselhos secretos, participou de reuniões estratégicas no curso de anos decisivos para a história recente da América e do mundo. Numa palestra proferida em 1953 na Fordham University, uma universidade católica outrora bastante conceituada em Nova York, a já convertida Sra. Dodd declarou:
No final dos anos 20 e nos anos 30 eu pessoalmente coloquei 1.100 homens no sacerdócio com o intuito de enfraquecer a Igreja Católica a partir de dentro. A ideia era que esses homens fossem ordenados e progredissem para posições de autoridade e influência, como monsenhores e bispos… não para destruir a instituição da Igreja, mas sim a fé do povo, e inclusive usar a instituição eclesiástica, se possível, para destruir a fé através de uma pseudo-religião. Algo que seria parecido com o catolicismo, mas que não seria isso de fato. Uma vez que a fé fosse destruída, um complexo de culpa começaria a ser introduzido na Igreja… para rotular a ‘Igreja do passado’ como sendo opressiva, autoritária, cheia de preconceitos, arrogante em se arvorar na única possuidora da verdade e responsável pelas divisões religiosas ao longo dos séculos. Isto seria necessário para constranger as lideranças da Igreja na direção de uma ‘abertura ao mundo’, e para uma atitude mais flexível em relação a todas as religiões e filosofias. Os comunistas então explorariam essa abertura no sentido de minar as defesas da Igreja”[xxi].
Em seu livro “School of Darkness: The Record of a Life and a Conflict Between Two Faiths” (“Escola das Trevas: o registro de uma vida e de um conflito entre duas crenças”), a Sra. Dodd afirma:
“Quando organizavam trabalhadores católicos – irlandeses, poloneses e italianos – em sindicatos, os comunistas sempre plantavam uma celeuma entre os católicos leigos e os padres, bajulando o laicato e atacando os padres[xxii]”.
Na década de 1960, uma enfermeira católica francesa, Marie Carré (1905-1984), atendeu uma vítima de acidente de automóvel que foi trazida para seu hospital, em uma cidade cujo nome ela propositalmente não mencionou. O homem permaneceu ali, perto da morte, por algumas horas e depois morreu. Ele não tinha nenhuma identificação com ele, mas ele tinha uma pasta na qual havia um conjunto de notas quase biográficas. Ela guardou essas notas e as leu e, devido ao seu conteúdo extraordinário, decidiu publicá-las. O resultado foi um pequeno livro, “AA-1025 – Memoirs of the Comunist Infiltration Into the Church” (“AA-1025 – Memórias da Infiltração Comunista na Igreja”), publicado originalmente na França em 1972, sobre um comunista que propositalmente entrou no sacerdócio católico (junto com muitos, muitos outros) com a intenção de subverter e destruir a Igreja a partir de dentro. Eis o testemunho desse homem:
“Desde que eu entrei no Seminário, devia dedicar-me a descobrir a forma de destruir tudo o que me ensinavam. Para isso, devia estudar atenta e inteligentemente, ou seja, sem paixão alguma, a História da Igreja. Não devia perder nunca de vista que as perseguições não servem mais que para fazer mártires que os católicos utilizam de pretexto para dar razões de sua linhagem de católicos. Assim, não haverá mais mártires. Não se deve esquecer que todas as religiões estão baseadas no medo, o medo ancestral, todas vêm daí. Conclusão: se eliminamos o medo, eliminaremos as religiões. Mas não é o suficiente. Cabe a ti descobrir bons métodos – disse-me o Tio enquanto eu me afundava em alegria –, vais escrever-me todas as semanas brevemente para enviar-me todos os assuntos e ideias que queiras que espalhemos pelo mundo, com uma breve explicação do porquê deles. Depois de um tempo, curto ou longo, serás posto em contato direto com a rede. Ou seja, terás dez pessoas que seguirão tuas ordens, as quais por sua vez terão outras dez sob seu comando. As dez pessoas que estiverem diretamente sob tuas ordens não vão te conhecer diretamente. Sempre serei eu o intermediário. Dessa forma, jamais serás denunciado. Temos já numerosos sacerdotes em todos os países onde está presente o catolicismo, mas tu jamais conhecerás nenhum, nem eles te conhecerão. Um deles é bispo. Talvez tu tenhas contato com ele; isso depende do grau que alcances. (…)Pedi, pois, a “OlhosAzuis” que me ouvisse em confissão e contei-lhe todo o essencial, que era comunista, e era parte dos serviços secretos, da divisão de ateísmo militante, que havia assassinado um religioso polaco que disse que eu não tinha vocação para o sacerdócio. Estranhamente, “Olhos Azuis” acreditou em mim imediatamente. Eu teria podido então inventar qualquer tipo de história. Teve primeiro o reflexo banal de falar sobre minha salvação eterna. Eu quase comecei a rir. Achava ele que eu tinha um mínimo átomo de fé? Então lhe expliquei que não acreditava nem em Deus nem no demônio. Uma confissão assim devia ser algo completamente novo para ele. Quase me compadeci dele. “O que tu esperas ao pedir as Ordens Sagradas?” Eu fui totalmente franco, e clarifiquei minhas intenções: “Destruir a Igreja a partir de dentro”[xxiii].

Ressignificação

O Padre jesuíta Karl Rahner foi, muito provavelmente, o teólogo mais influente do século XX e ainda hoje é tido como uma referência incontornável aos estudiosos da Teologia Católica; entretanto, não é difícil encontrar em sua obra o gosto por reinterpretações – mães da ressignificação. Já doutor em Teologia, Rahner recebeu, em 1937, uma carta de Martin Honecker (1888-1941)[xxiv], na qual este filósofo católico que foi seu orientador de tese, afirma que sua tese doutoral em Filosofia não poderia ser aceita como estava, pois considerava toda a sua interpretação de Santo Tomás de Aquino “equivocada por seu método e por seus resultados”, lendo Santo Tomás em uma perspectiva moderna que o desfigurava[xxv].
“Rahner pretendia descobrir nos textos de Santo Tomás de Aquino uma filosofia do conhecimento imanentista, na qual o homem não tem acesso ao mundo exterior, mas apenas ao seu próprio ser. Essa interpretação dos textos tomistas foi rejeitada por Martin Honecker por ter ‘falsificado o ensinamento do santo doutor atribuindo-lhe pontos de vista que lhe eram estaranhos’. De fato, segundo Bernard Sesboüé, Rahner demonstrava na sua tese ‘uma orgulhosa indiferença pela bibliografia’ especializada, pretendendo ler Tomás de Aquino diretamente, mas sempre com suas lentes marechalianas”[xxvi].
A influência de Rahner já havia sido notada por alguns membros do clero alemão. Em 1943, o Arcebispo de Freiburg im Breisgau, Conrad Gröber (1872-1948), escreveu uma carta ao episcopado alemão e austríaco denunciando o que ele considerava como inovações preocupantes no meio eclesiástico de língua alemã, e elencando dezessete pontos, entre os quais “a falta crescente de interesse pela teologia naturalis”, a “crescente desvalorização da filosofia e da teologia escolástica”, “o influxo crescente da dogmática protestante sobre a formulação católica da fé”, “a abertura de fronteiras no tocante a outras igrejas”, “a acentuação excessiva do sacerdócio universal”, “o fato de afirmar que a comunhão dos fiéis pertence à plenitude da eucaristia e até mesmo à sua essência”, “a tentativa de converter as missas comunitárias em algo obrigatório”, “a tentativa de aproximar-se do povo na missa, até mesmo utilizando a língua alemã”[xxvii].Adepto de tantas posições heterodoxas, de posicionamentos práticos tão criticáveis, de um pensamento que se aproxima tanto da linha divisória entre a genuína doutrina católica e a heresia, Rahner tornou-se, além de um dos pais da monstruosidade chamada mudança de paradigma na teologia católica, uma fonte relevante de matéria-prima para produção de relativização de conceitos, parindo ramos teológicos que se utilizam da ressignificação na sua estrutura. Certa vez, escreveu:
“Em princípio, não é anticristão, nem contrário à piedade, o fato de alguém se perguntar se a Igreja pode mudar a legislação sobre o celibato e até se deve mudá-la, dada a situação pastoral da Igreja no futuro. Não é nenhum dogma que uma celebração penitencial não possa ter, de nenhum modo, um caráter sacramental. Não está inteiramente esclarecido onde se encontram as fronteiras para uma intercomunhão [de igrejas] aberta. Não está claro que os separados que voltam a se casar depois de um primeiro casamento não possam ser admitidos, em nenhum caso, aos sacramentos, enquanto se mantiverem fiéis em seu segundo casamento enquanto tal. Não se pode apresentar o mandamento eclesiástico do domingo como se fosse um mandamento divino, já revelado no Sinai e válido para sempre. Também não são tão claras, como às vezes se pensa, as formas em que uma consciência, até mesmo cristã, pode responder no tocante à lei punitiva do Estado contra a interrupção da gravidez. Uma vez que nenhum partido político concreto é sempre, em cada caso, totalmente cristão, e dado que um partido, através de seus graves pecados de omissão, pode agir de maneira muito suave, mas que de fato é maciçamente anticristã, não é tão simples afirmar quando um partido já não pode ser votado pelos cristãos e os católicos”[xxviii].
Rahner não representa sozinho, nem conduziu sozinho todo o movimento de tentativa de ressignificação, que começou a ser notado mais claramente a partir dos anos de 1950, mas é inegável que o fato de ele não ter sido apenas um escritor de obras densas sobre temas filosóficos e teológicos, mas também figura de grande influência na Igreja Católica e militante de várias causas, além de participar de várias publicações coletivas de grande repercussão, tendo sido um dos fundadores e editores da revista Concilium, que se notabilizou como canal de propagação e defesa das teses teológicas mais ousadas (o que, quase sempre, significa menos ortodoxas) no período pós-conciliar, tudo isso unido às suas diversas viagens, apresentando conferências em importantes universidades – esteve diversas vezes nos Estados Unidos, Canadá, Suíça e Hungria, visitou também Espanha, Inglaterra, Polônia, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Chile e a República Democrática Alemã – recebendo quinze doutorados honoris causa e diversos prêmios na Alemanha Ocidental, participando de programas de televisão, envolvendo-se em questões eclesiásticas polêmicas, formou uma atmosfera teológica na Igreja Católica em que o fazer teológico de Rahner parcia – e parece até hoje – onipresente.

Protestantização

Já o denunciava Pio XII: “Nestes últimos séculos… quiseram a natureza sem a graça… Cristo sim e a Igreja não (Revolução humanista e protestante)… depois Deus sim e Cristo não (Revolução liberal)… ao fim, o grito ímpio: Deus está morto (Revolução comunista)”[xxix].A protestantização da Igreja Católica em alguns ambientes é uma realidade, numericamente às vezes pequena, mas portadora de um modelo de Igreja que agrada a não poucos católicos progressistas. Reconhece no Papa tão somente um primado de honra, mas não aceita que ele seja infalível, nem que tenha jurisdição sobre os bispos. Deseja eleger bispos por sínodos compostos de clérigos e leigos. Na Santa Missa dá comunhão eucarística a todos, basta que sejam batizados em uma das várias confissões cristãs. Administra absolvição coletiva dos pecados. Concede segundas núpcias aos divorciados.O protestantismo prega que a fé sozinha salva, mas não se preocupa com a questão que evidentemente surge em decorrência dessa crença: fé em quê? Para um protestante, trata-se de uma aceitação subjetiva de um “jesus” salvador, não da aceitação real d’O Jesus Salvador. Isso por uma razão bem simples: na teologia protestante pratica-se a “livre interpretação da Bíblia”, e se cada um interpreta diferentemente a Escritura, o objeto da fé não é exatamente o mesmo em todas as denominações, nem mesmo em todos os corações.É correto dizer que existe um “patrimônio comum” entre todos os cristãos, ou seja, que há certos pontos de concordância entre as várias denominações cristãs, e daí falar-se em diálogo ecumênico. Mas a palavra “ecumênico” sempre foi usada no sentido de uma reunião do conjunto dos bispos da Igreja. Assim, por exemplo, um Concílio que reúna os bispos do mundo todo é um concílio ecumênico, mesmo se não houver nenhum não-católico presente. Infelizmente esta palavra começou a ser usada no fim do século passado para definir um movimento surgido nos meios protestantes, que busca fazer uma reunião meramente jurídica de todas as suas denominações.Um erro comum nos ambientes em que se deseja promover o ecumenismo é pensar que não deve haver divergências, nem opiniões contrárias, nem cultivo ou expressão de uma fé com identidade própria. Ora, isso já não é ecumenismo, mas irenismo, que é o mesmo que pacifismo, a palavra portuguesa deriva da palavra grega ειρήνη (eirene), que significa paz. É um conceito que evita sempre toda e qualquer polêmica. O irenismo defende que é errado lutar contra os erros e heresias, e que se deve atrair os hereges com uma atitude pacifista, sem combatividade. Esse erro foi condenado na encíclica Mortalium Animos[xxx] de Pio XI, publicada em 06 de janeiro de 1928:
“Sem dúvida, estes esforços não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se fundamentam na falsa opinião dos que julgam que quaisquer religiões são, mais ou menos, boas e louváveis, pois, embora não de uma única maneira, elas alargam e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império. Erram e estão enganados, portanto, os que possuem esta opinião: pervertendo o conceito da verdadeira religião, eles repudiam-na e gradualmente inclinam-se para o chamado Naturalismo e para o Ateísmo. Daí segue-se claramente que quem concorda com os que pensam e empreendem tais coisas afasta-se inteiramente da religião divinamente revelada (n. 3).Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos por quanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela (n. 16)”
Observe-se que ser pacifista não é o mesmo que ser pacífico. Ser pacífico é ser manso, e está entre as bem-aventuranças anunciadas por Cristo (Cf. Mt 5,5). Ser pacifista, diferentemente, é impor, exigir, ou promover a paz a todo custo, custe o que custar.Se não houver uma clara orientação aos católicos quanto ao que é efetivamente parte genuína da sua fé (seja na liturgia, na teologia, na doutrina, ect.), o ecumenismo pode tornar-se, e de fato em muitas situações têm-se tornado, protestantização, mudando os paradigmas teológicos, e, portanto, a vivência da fé católica na Igreja.

Marxização

O processo de inserção de elementos marxistas no pensamento católico é o que poderíamos chamar de marxização. Gustavo Corção, em seu artigo “O esvaziamento católico” para o jornal “O Globo”, de 13 de setembro de 1975, já percebia esse fenômeno como parte de uma “enxurrada de impurezas”:“Estamos cansados de clamar contra a enxurrada de impurezas que se instalou intra muros Ecclesiae pelas portas que a própria hierarquia católica abriu, ‘num gesto largo e, moscovita’ como diria Fernando Pessoa com especial propriedade. Queixamo-nos da infiltração marxista, e dela podemos dizer o que disse Santo Agostinho dos que duvidavam da imprescindível função da Igreja na salvação das almas: ‘quis negat’? E ninguém, que eu saiba, ousou erguer a voz contra a severa interrogação do Bispo de Hipona. Ou, se alguém falou, seu insignificante balido não atravessou quinze séculos. Queixamo-nos da invasão do secularismo, da penetração do protestantismo que foi convidado a colaborar na mutilação da Santa Liturgia. Com cócegas nos ouvidos e inebriados de aberturas, os homens da Igreja escancaravam as portas, e tudo teve licença e convite para entrar, tudo![xxxi]”A bem da verdade, não há como falar em marxização da Igreja Católica sem mencionar o seu mais importante e contundente instrumento facilitador: a Teologia da Libertação. Em cada vez mais Seminários, diversas teologias políticas e da libertação estão sendo ensinadas como doutrinas cristãs, a ponto de muitos católicos começarem a questionar se a ameaça de invasão de um novo poder herege, como o marxismo, no seio da Igreja já não está se tornando realidade. Tristemente, a resposta é positiva, e essa invasão foi iniciada há décadas.Arthur F. McGovern, Padre jesuíta, destacado e convicto apologista do novo anticapitalismo jesuítico, publicou em 1980 um livro sobre a matéria – Marxism: An American Christian Perspective – expondo, em muitas ocasiões, francamente o que pensa. Essencialmente, McGovern diz que o marxismo foi e é uma crítica social, pura e simplesmente. Marx queria, apenas, que pensássemos mais claramente nos meios de produção, em como as pessoas produzem; e nos meios de distribuição, nas pessoas que possuem e controlam os meios de produção[xxxii]. McGovern vê em Jesus, tal como foi apresentado no Evangelho segundo São Lucas, um modelo de revolução. O Evangelho de São Lucas é um “evangelho social”, diz ele, citando Jesus em apoio de sua causa: “Vim para pregar a boa-nova aos pobres, libertar os oprimidos, redimir os cativos”. “Vejam”, acrescenta McGovern, “quantas vezes Jesus fala na pobreza; identifica-se com os pobres; critica aqueles que lançam ônus sobre os pobres”. Está claro para McGovern, portanto, que Jesus reconhecia a “luta de classes” e endossava a “revolução”[xxxiii]. Clérigos e teólogos de várias Congregações e nacionalidades começaram, de maneira mais evidente nos anos de 1980, a dedicar-se à “luta de classes”. O Padre jesuíta peruano, Gustavo Gutierrez, dá ao povo latino-americano uma espécie de manual da Teologia da Libertação, cujo quadro de honra inclui um número notável de destacados jesuítas como Jon Sobrino, Juan Luís Segundo e Fernando Cardenal.“Rapidamente, dezenas e dezenas de jesuítas começaram a trabalhar, com a paixão e o zelo que sempre lhe foram característicos, pelo sucesso dos sandino-comunistas na Nicarágua; e quando os sandinistas tomaram o poder, aqueles mesmos jesuítas assumiram cargos cruciais no governo central e atraíram outros para participarem em vários níveis regionais. Enquanto isso, em outros países centro-americanos, os jesuítas não apenas participavam no treinamento de quadros marxistas em guerrilhas, mas alguns se tornaram também guerrilheiros. Inspirados pelo idealismo que viam na Teologia da Libertação, e encorajados pela independência inerente à nova ideia da Igreja como um grupo de comunidades autônomas, os jesuítas achavam que tudo era permitido – e mesmo estimulado – desde que promovesse o conceito da nova ‘Igreja do povo’.Aqueles homens eram o sonho e o ideal dos verdadeiros teólogos da libertação. Pois eles eram os combatentes, os quadros que levaram a Teologia da Libertação de teoria para o que chamavam de práxis – a implementação da revolução popular pela libertação econômica e política. Daquela práxis, insistiam os teólogos da libertação, ‘lá de baixo, entre o povo’, viria toda a verdadeira teologia, para substituir a velha teologia que certa vez fora imposta autocraticamente ‘de cima’ pela hierarquia da Igreja Romana.[xxxiv]”
O então Cardeal Joseph Razinger, Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, escreveu, em 1984, “Eu vos Explico a Teologia da Libertação”[xxxv], uma exposição sobre a Teologia da Libertação de conotação marxista, mostrando que essa teologia não tem apenas a intenção de desenvolver a ética social cristã em vista da situação sócio-econômica da América Latina, mas “revolve todas as concepções do Cristianismo”: doutrina sobre a fé, estruturação da Igreja, Liturgia, catequese, opções morais, etc. Crê-se que “a gravidade da Teologia da Libertação não seja avaliada de modo suficiente”; “não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente”; é a “subversão radical do Cristianismo”, é uma nova versão do racionalismo de Rudolf Bultmann e do marxismo, que utiliza a linguagem dogmática da fé católica e se reveste de aspectos de mística cristã.A orientação segura que nos dá a Igreja sobre esse tema, é expressa de forma muito clara e acessível na “Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação”[xxxvi], da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, quando diz que:
“a impaciência e o desejo de ser eficazes levaram alguns cristãos, perdida a confiança em qualquer outro método, a voltarem-se para aquilo que chamam de ‘análise marxista’. (…) Uma situação intolerável e explosiva exige uma ação eficaz que não pode mais ser adiada. Uma ação eficaz supõe uma análise científica das causas estruturais da miséria. Ora, o marxismo aperfeiçoou um instrumental para semelhante análise. Bastará pois aplicá-lo à situação do Terceiro Mundo e especialmente à situação da América Latina (…); A advertência de Paulo VI continua ainda hoje plenamente atual: através do marxismo, tal como é vivido concretamente, podem-se distinguir diversos aspectos e diversas questões propostas à reflexão e à ação dos cristãos. Entretanto, ‘seria ilusório e perigoso chegar ao ponto de esquecer o vínculo estreito que os liga radicalmente, aceitar os elementos da análise marxista sem reconhecer suas relações com a ideologia, entrar na prática da luta de classes e de sua interpretação marxista sem tentar perceber o tipo de sociedade totalitária à qual este processo conduz’.”[xxxvii]
É verdade que a Instrução da Congregação para Doutrina da fé de 1984 fala em “teologias da libertação” (nº IV, 3), assim como a exposição do mesmo ano do Cardeal Ratzinger,“Eu vos Explico a Teologia da Libertação”, menciona que há posições que “propõem o lugar apropriado da necessária responsabilidade do cristão para com os pobres e os oprimidos no contexto de uma correta teologia eclesial” (nº 1). Assim, todo teólogo católico que se diz “da libertação” precisa fazer o seu exame de consciência para avaliar se está espalhando doutrina marxista no seio da Igreja, consciente ou inconscientemente. Não é suficiente que o teólogo sinta estranhamento em avaliar-se como marxista para dar como certo que não o seja de fato. Assim, o que não pode faltar da parte dos teólogos, dos consagrados, dos leigos e dos clérigos é avaliarem que tipo de hermenêutica utilizam na sua teologia e na sua visão de Igreja (eclesiologia). O adepto da teologia da libertação de cunho marxista sempre apresentará ao menos uma destas características típicas: práxis revolucionária de classes; descrédito a priori pela hierarquia e sobretudo o Magistério romano, como pertencentes à classe dos opressores; releitura política da Escritura; perspectiva de um messianismo temporal (o Reino de Deus é aqui!); afastamento da Tradição; inversão dos símbolos (assim, por exemplo, em lugar de ver no Êxodo com São Paulo, uma figura do batismo, se tenderá ao extremo de fazer deste um símbolo da libertação política do povo); as relações entre a hierarquia e a “base” tornam-se relações de dominação que obedecem à lei da luta de classes; dessacralização dos mistérios da fé, dos milagres, da vida espiritual, das “coisas do alto” (Cl 3,1-2), privilegiando a análise sociológica dessas realidades; apoio a partidos políticos de esquerda e forte simpatia por eles, colaborando de forma silenciosa ou explícita com suas agendas; gosto pela transgressão, pela contestação e por reformas eclesiais revolucionárias; visão da Eucaristia como “celebração do povo na sua luta”; criatividade litúrgica baseada na indiferença quanto aos ritos aprovados pela Igreja; visão exageradamente otimista sobre o sacerdócio comum, em detrimento do sacerdócio ministerial e do celibato.Na prática, nota-se que a Teologia da Libertação realmente existente não é aquela que foi anunciada por alguns de seus fundadores. Adepto da Teologia da Libertação, Clodovis M. Boff, OSM fez uma análise certeira sobre a gravidade dos equívocos:“Que acontece então na prática teórica da TdL? Acontece uma ‘inversão’ de primado epistemológico. Não é mais Deus, mas o pobre, o primeiro princípio operativo da teologia. Mas, uma inversão dessas é um erro de prioridade; por outras, é um erro de princípio e, por isso, de perspectiva. E isso é grave, para não dizer fatal. (…)
Ora, quando o pobre adquire o estatuto de primum epistemológico, o que acontece com a fé e sua doutrina no nível da teologia e também da pastoral? Acontece a instrumentalização da fé em função do pobre. Cai-se no utilitarismo ou funcionalismo em relação à Palavra de Deus e à teologia em geral. (…)O resultado inevitável é a redução da fé e, em especial, sua politização. Fala-se aqui também, criticamente, da transformação da fé em ideologia. Isso procede toda vez que se dá à ideologia o sentido preciso que lhe dá o Magistério: o de uma fé que decai de seu nível transcendente para a imanência da política. (…)O resultado geral da inversão prática de princípio (de Deus para o pobre) é enfraquecer e mesmo esvaziar a identidade cristã, e isso em vários planos: 1. No plano teológico. A teologia vai perdendo seu caráter próprio, para adotar um tom mais sociológico e político, agora de tipo religioso-pastoral. Perde também fecundidade teórica, suas produções reduzindo-se cada vez mais a serem meras ‘variações sobre o mesmo tema’. Pior, as grandes intuições da TdL viram chavões repetidos ad nauseam, sobretudo na ‘vulgata militante’ da TdL. 2. No plano eclesial. A ‘pastoral da libertação’ se torna um braço a mais do ‘movimento popular’. A Igreja se ‘onguiza’. Então se esvazia mesmo fisicamente: perde agentes, militantes e fiéis. Os ‘de fora’, à exclusão dos militantes, sentem escassa atração por uma ‘igreja de libertação’. Pois, para o compromisso, dispõem das ongs, mas para a experiência religiosa precisam mais que de simples libertação social. Ademais, por não perceber a extensão e relevância social da atual inquietação espiritual, a TdL se mostra culturalmente míope e historicamente anacrônica, ou seja, ‘alienada’ de seu tempo. 3. No plano da própria fé. Reduzida a ideologia mobilizadora, a fé vai perdendo cada vez mais substância, até se esvaziar totalmente. O que sobra é uma ‘hermenêutica cristã da existência humana’, tal como se exprime de modo modelar na vulgata teológica chamada ‘rahnerianismo’, que subjaz à TdL e que aqui não é possível discutir. Em suma, a substância da fé acaba em mero discurso, portanto, em qualquer coisa de irrelevante. Pois, como se ouve nos meios ‘liberacionistas’, o que importa não é tanto a Igreja ou Cristo, mas o Reino. (…)
É assim mesmo: o destino fatal de quem se põe no lugar de Deus e o usa para seu benefício é tomar-se por deus. De modo análogo, uma TdL que ‘consome’ fé cristã sobretudo para a libertação, se arrisca a ‘consumir’ essa fé e também a si mesma. A ‘libertação’ pode devorar a ‘teologia’.[xxxviii]”

Perspectivas

O desejo de implementar uma mudança de paradigma no seio da Igreja, possibilitando assim a construção de uma “nova Igreja” está, infelizmente, presente no coração de muitos católicos, que são apoiados também desde fora da Igreja. Sob qualquer perspectiva, avaliamos que uma tal mudança seria um verdadeiro desastre, que traria a ruína da fé, da esperança e quiçá da salvação eterna. A figura deste mundo passa, e nossa missão como católicos é conhecer cada vez mais as insondáveis riquezas de Cristo, sem confundir o Reino de Deus com o progresso da civilização, da ciência, ou da técnica humanas. “Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração” (Mt 6,21). Trata-se de discernirmos qual é o tesouro que nos salvará de nossas dores, incertezas, cansaços. Esse tesouro não é outro senão Cristo, estampado nos Evangelhos como Palavra perene, inviolável, segura.A maturidade na fé vai desvelando para nós a realidade do mundo em que vivemos, cheio de armadilhas colocadas por nossos inimigos, os inimigos da fé católica; que, porém, nenhuma vitória conseguirão sobre nós se estivermos “vigiando e orando” (cf. Mt 26,41).

“Não tenhais medo, pequeno rebanho, pois agradou ao vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).